Quem já teve a oportunidade de se ver, de se cuidar e de se trabalhar internamente em conjunto com outras mulheres sabe o valor e a riqueza dessa experiência. Olhar profundamente para dentro e se sentir de verdade, não é fácil. Existem muitos pontos cegos e lugares internos com os quais evitamos fazer contato a qualquer custo. Na verdade, muitas vezes, nos sentimos muitos sós para olhar para esses lugares, pois eles nos conectam com emoções e sensações espremidas, que, muitas vezes vêm de aspectos e dinâmicas que nossos pais (tão humanos quanto nós) não deram conta de ver ou cuidar em nós quando não tínhamos maturidade e consciência para fazer isso por nós mesmos.
Mas eles deram o seu melhor, o seu melhor possível e crescemos. Hoje podemos cuidar daquilo que não foi cuidado, podemos parar de espremer esses cantos e de fugir de quem realmente somos, do nosso potencial maior, exponencial. Esse trabalho é de cada um individualmente, mas estar unido a outras pessoas pode fortalecê-lo e muito!
Quando estamos em grupo, o mais importante ali não é só o que é dito ou feito, é a energia de apoio e união. Às vezes, num grupo, uma pessoa pode falar muito pouco sobre si, mas o campo coletivo, as vivências que ali são feitas, movimentam a sua memória celular, proporcionam "insights" profundos, auxiliam no processo de liberação de questões que talvez fossem levar mais tempo para serem movimentadas quando se está sozinho.
Sim, é clichê, e comum, mas é verdade, somos todos UM! Nossa dor não é tão única quanto parece, temos pontos fortíssimos de interseção com os processos de outras pessoas. A minha cura é a sua cura, a sua compreensão pode ampliar a minha compreensão, o meu processo toca, movimento e inspira o seu.
Todo grupo carrega um enorme potencial de transformação coletiva. Um grupo de mulheres traz esse potencial aliado a uma cura interna em relação a pressão de ter que se superar, competir, ir além, correr, produzir. Um grupo que procura restaurar o feminino, fortalece a maternagem com nós mesmas e com o mundo. Nos traz porosidade, abertura, escuta e amparo. O que é vivenciado num trabalho em grupo em que mulheres se reúnem, se transforma em sementes que se espalham pelos diversos aspectos da vida: relacionamentos, trabalho, olhar para o mundo...
A amorosidade compassiva se faz presente e é regada por doses curativas de ocitocina, o hormônio do amor.
Para se permitir dar esse salto de se trabalhar em conjunto é preciso ter coragem. Coragem para sair do automático, do "confortável", do comum. Coragem para olhar, cuidar, abrir, liberar, renovar... Coragem para caminhar junto.
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