Autoconhecimento, para mim, nada tem a ver com repetir as narrativas que se vem contando e recontando para si mesmo há anos. Isso não é se conhecer, é seguir se enganando. Ou com ficar analisando apenas as camadas mais superficiais da personalidade, do seu jeito de viver e seus hábitos. Autoconhecimento, para mim, não tem nada a ver com autoajuda, com a busca por fórmulas de bem viver ou conceitos sobre o que é o sentido da vida.
Autoconhecimento, para mim, tem a ver com a coragem de olhar para dentro de um jeito novo, buscando compreender as motivações mais profundas que te fazem se machucar, machucar os outros ou até mesmo se anestesiar e não ver o tanto que você é machucado e machuca.
Autoconhecimento, para mim, não tem a ver com simplesmente trabalhar as sua "crenças limitantes". Cuidado com o que você tenta desconstruir de uma hora para outra em você. Nunca se sabe a profundidade da dor para que alguns padrões de comportamento podem servir de alicerce.
Autoconhecimento, para mim, tem a ver com um caminho de compromisso e coragem consigo mesmo e com a vida que nos foi dada, que chegou até nós através de nossos pais e de toda uma ancestralidade. Vida essa que nos confia tesouros, heranças e carmas.
Autoconhecimento, para mim, tem a ver com não suportar mais enganar a si mesmo, viver sem criatividade, sem verdade, sem profundidade, sem conexão, sem a potência da sua inteireza, sem a consciência do que motiva suas escolhas.
Não subestime a sua capacidade de enganar a si mesmo. As artimanhas das nossas defesas egóicas podem nos fazer achar que estamos vivos, quando, em realidade, estamos andando apenas como zumbis em círculo.
Há que se ter chegado a alguns limites de cegueira e de fracasso das tentativas de evadir da dor para se propor verdadeiramente o mergulho.
Há que se ter paciência e muito cultivo do amor por si mesmo para se tirar cada véu.
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