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Foto do escritorMariana Rattes

Na Terra do "Por que não?"



A “Terra do Por que não?”, dos “Perdedores Felizes” Felícia citou Ângela de Castro.

Por que não?

Muito tocada estou pelo contato com a palhaçaria. Muito tocada pelo contato com a palhaçaria a partir da perspectiva feminina. Muito tocada pelo contato com a palhaçaria a partir de uma perspectiva feminina e conduzida por uma palhaça baiana, artista, budista e mãe. Tocar esse lugar da vulneralibilidade, visceralidade e idiotice faz eu me sentir melhor. E faz também de mim uma pessoa melhor. Os olhos ficam aquosos, sou tocada e toco o outro. Habito um campo de compaixão, que não é mental, simplesmente é. Lágrimas, Risos, Corpo Vibrando, Peito aberto, sinto-me nua. Quanta revolução é me abrir para sentir, para ser aquilo que passei uma vida inteira escondendo de mim mesma, querendo aperfeiçoar, corrigir, sabe se lá Deus querendo o que.


Tudo que não cabia no conceito de mundo que me foi apresentado. “Tenha modos menina”. De repente me vejo levantando a blusa, mostrando os seios, banhando minhas colegas com o leite que sai deles, apertando as banhas que ainda seguem na barriga após engordar 22 quilos na minha primeira gestação. De repente, isso tem um espaço. De repente, isso funciona, as pessoas riem, as pessoas se identificam. Eu rio, eu me identifico, eu apelo, eu compreendo o que está ali. Funciona. Eu repito. Quero atenção. Quero ser amada pelo que sou. Elas riem de novo. Uau! Funciona. Assumir a carência também funciona. Chamar a atenção também funciona. Também cabe. Tudo funciona, tudo cabe, o grotesco, o ridículo, o não belo, o imperfeito, a dor, o medo. Tudo cabe! Que alegria! Que libertação! Ser tudo que sou, cabe. Ter Raiva, cabe. Chorar, cabe. Gozar, cabe. Gemer, cabe. Ter modos, cabe. Não ter modos também cabe. Minha nossa, ser eu do jeito que sou, cabe!


“Transbordar Humanidades”, diz Felícia. “Medicina do Nariz”, ela repete. Uau! A loucura é uma medicina, o transbordar cura, a humanidade traz um lugar de paz, de afeto profundo e verdadeiro. Cultivo o outro e me auto cultivo. Num relance, me lembrei porque quando criança fiquei tão maravilhada com a ideia de fazer teatro. Entendi, também, porque com o meu “adultamento”, fui me afastando daquele núcleo essencial que se encontrou no teatro. Hoje abro uma nova perspectiva para entender o lugar do teatro, da arte e da loucura na minha vida. De verdade, toquei um lugar novo.


“Transbordamento de humanidades”. O lugar do esquisito, do estranho, do louco, do lúdico, da vulnerabilidade, da falha, do incompleto, do imperfeito. O lugar da liberdade, da livre expressão. O lugar daquele que não cabe nas caixas e ainda assim vislumbra encontrar seu lugar no mundo. O lugar daquela, em mim, que se espremeu para sentir que cabia. É para mim, de fato, “O Lugar”. Sei que ainda há muito o que conhecer da arte da Palhaçaria, mas do que já conheci, escolho ela para mim. Escolho sua proposta para desmontar uma forma insustentável de viver, para desconstruir uma autoimagem e uma imagem social que me aprisiona, me comprime, me limita e me submete. Escolho sentir e, assim, revolucionar(me).


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